segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O Parto

Esse é o nosso primeiro filho juntos. E até parece que é mesmo uma gestação porque, por enquanto, só eu carrego o menino-virtual no ventre da minha mente ansiosa. Aliás, nunca entendi por que só as mulheres engravidam. Nunca entendi por que só as mulheres tomam pílula. Por que só as mulheres são devassas quando tiram a camisa em público?

Feminismos à parte, você diz que basta eu criar a página. Não entende que um feto precisa do óvulo e do espermatozóide para começar a crescer.

Tudo bem. Homens só conseguem entender a paternidade quando o moleque mostra sua cara de joelho.

Gestei esse nosso filho por vários meses. Talvez o mesmo tempo decorrido do encerramento do meu último blog. É claro que você dava apoio, fazia muitos planos para o rebento. Mas se dependesse da sua placenta.... Homens, definitivamente, não têm placenta.

A parte boa disso tudo é que eu tenho certeza absoluta de que você vai ser um ótimo pai. Provavelmente, ainda melhor do que eu, como mãe. Podem me achar exagerada, mas acredito mesmo que um blog é quase um filho. É uma obra que nasce dentro da gente e toma forma, ganha vida no contato com o mundo. Começa a caminhada desequilibrado e conquista autonomia, personalidade, amigos.

Deu Branco vai ter os olhos do Romeu e os cílios da Patrícia. Vai gostar do rock do papai e do forró da mamãe. Vai falar de música, esporte, sociedade, jornalismo, cultura, viagens. Vai falar de gente. E não vai se comprometer a ser nada e nem uma coisa só.

Deu Branco é para ser livre. É para ser lido. É pra ser debatido. E, se você não concordar, não deixe passar em branco. Cuidar do filho dos outros às vezes é até mais gostoso.

Papai Romeu, aqui está seu filho primogênito com cara de joelho e o azedume da mamãe.

Por Patrícia Ferraz