quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Quadriamor*

Nem foi preciso apertar a mão dele, logo quando cheguei à casa, para saber que suava. Suava de nervoso. Wesley tinha acabado de descobrir que seria pai de quadrigêmeos. Quatro bebês de uma só vez. Não fosse o choro da noiva, ele nem teria acreditado, teria dado risada com o telefonema dela. "Amor, são quatro bebês. O que vamos fazer agora?"

Ele, funcionário de um mercadinho no extremo norte de São Paulo. Ela, operadora de telemarketing. Juntos não ganham mais do que R$3.500. "Se fosse um bebê, era super natural. A gente ia alugar uma casa. Mas, mas com 4, não tem como", explica ele, com os olhos permanentemente em movimento. O jovem de 27 anos ainda não tem jeitão de pai. Parece agitado. Às vezes, meio perdido. Talvez, assustado com toda a responsabilidade que o espera.

Carol, a noiva, também tem cara de menina. Os dois planejavam se casar, juntar dinheiro, ter o próprio espaço. Filhos eram um projeto de futuro. Um futuro que chegou muito antes do esperado, apesar dos 11 anos de relacionamento. O namoro da adolescência teve algumas rupturas, mas venceu o tempo. E, no primeiro encontro com o casal, qualquer pessoa já consegue entender por que. Carol e Wesley se gostam. Se tocam. Trocam olhares cúmplices. Em uma ou duas horas de conversa, constatei que os dois estão realmente juntos. Fiquei aliviada pelas crianças. É bom nascer de um amor que sobrevive.


Primeiro dia de gravação com o "Casal Quádruplo"
O sexo dos bebês ainda é uma incógnita. O que se sabe é que serão os quatro idênticos. Para Carol, melhor se forem meninas. A jovem de 26 anos ganhou uma rotina de enjoos e perdeu o sono. Na cama, fraldas, macacões, calças de bebê ocupam o espaço que os ursinhos de pelúcia perderam. A decoração cor de rosa do quarto de solteira estaria apropriada para receber os filhos, não fosse o tamanho da família. Carol divide o quarto com a irmã, Cátia, de 24 anos. Mas é por pouco tempo. Quando os quadrigêmeos nascerem, os pais de Carol vão ceder a suíte da casa para a nova família. Dona Carlita vai dormir no quarto de Cátia. E, o marido dela, com o filho caçula, Carlos Henrique, de doze anos. É o primeiro de muitos arranjos que a família vai ter de fazer para dar conta do recado.

A vinda dos quadrigêmeos deixa uma certa apreensão no ar. Uma mistura de preocupação, medo e ansiedade. São muitos meses pela frente. Exames, descobertas, desafios. A única certeza do casal, por enquanto, é a vontade de estar junto. "O Wesley já era carinhoso, agora tá mais ainda. Se ele me ligava cinco vezes, agora liga dez. Tudo dobrou." Carol entende bem de sentimentos, mas errou na conta. O amor não dobrou, Carol! Quadruplicou!

*Bastidores desta reportagem exibida pelo programa Domingo Espetacular, da Rede Record.


Por Patrícia Ferraz

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